Formação dos Piratas Spade

Capítulo 1 - Página 26

Ace deu uma mordida na metade da fruta. “Mmm, não é venenosa… Não é muito gostosa também” – ele disse com a boca cheia.

Dei uma mordida na fruta também. Era impossível resistir – o suco escorrendo, tão fresca e úmida.

“É tão bom… é tão ruim, mas… é tão bom!”

Depois de dar uma mordida, não consegui parar. Eu devorei a fruta, mal consciente do que estava fazendo. Sem que eu percebesse, muitas lágrimas caíram sobre minhas bochechas enquanto eu comia.

“É tão bom… é tão bom… Obrigado, obrigado…” Eu chorei.

A verdade é que você não podia, nem generosamente, chamar a fruta de saborosa. Eu nunca comi uma fruta tão nojenta assim antes. E, no entanto, em toda a minha vida, nada jamais teve um sabor tão bom quanto o daquela fruta naquele momento.

Aqui nesta ilha desolada, onde eu estava preso, lutando contra a fome e a sede, eu finalmente tinha experimentado como era real o sabor da vida.

Gradualmente, o céu ficava mais e mais avermelhado. Outro dia estava chegando ao fim. Ace e eu terminamos de comer nossas frutas, reclamando sobre o sabor a todo tempo, enquanto estávamos sentados um ao lado do outro, observando o pôr do sol no horizonte. Como de costume, a ilha era de tirar o fôlego. Lembrei-me do esqueleto que encontrei antes, perto dos arbustos na beira da praia – quando ele apareceu aqui sozinho, ele também olhou para o pôr do sol dessa maneira?

Sozinho. Ninguém com quem conversar.

Pensando nisso, quão sortudo fui para que pelo menos Ace estivesse aqui comigo? Levou todo esse tempo para eu perceber que não estava sozinho. Graças ao Ace, eu poderia sobreviver por conta própria. Foi o fato de saber que mais alguém estava na ilha comigo que me levou a escolher a solidão, a fazer as coisas por conta própria.

Ace parecia estar pensando da mesma maneira.

“Olhe para o sol”, ele disse abruptamente.

“Se eu acho ‘Cara, isso é lindo’, mas sou só eu, então o que isso importa? Se ninguém mais está vendo isso comigo, qual é o sentido disso tudo?”

Ele riu para si mesmo. O sol se poria em minutos, mas não parecia tão frio como costumava ser a essa hora do dia. Deve ter sido porque eu finalmente tinha um pouco de comida no estômago. Ou talvez ter Ace sentado perto.

Foi um sentimento misterioso. Na verdade, quase parecia mais quente do que era durante o dia.

Eu me virei para olhar para Ace.

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