Formação dos Piratas Spade

Capítulo 3 - Página 60

Eu sentei no banco, esmagado de forma estranha contra a parede. Próximo a mim, o Ace olhava pela janela animado para o cenário.

Sentada no oposto de nós e com olhar de raiva estava a Isuka. Ela não olhou pro lado de fora em momento algum, se mantendo fixa em nós, em completo silêncio.

Quero sair daqui!

Nós mal tínhamos começado a nos mover e eu já mal conseguia aguentar. Eu sentia como se fosse sufocar. Como poderia ter uma oficial da marinha e piratas juntos na mesma gôndola de uma roda gigante?

Não tinha como aproveitar a visão. Era quase uma prisão. Ainda estávamos subindo? Quando vamos voltar para o chão? Nunca imaginei que o movimento lento da roda poderia ser tão assustador.

Eu quero voltar… Não, pera. O que vai acontecer quando voltarmos?

Já que não havia nada que pudéssemos fazer dentro da apertada gôndola, Isuka estava se comportando por enquanto. Mas quem sabe o que ela poderia fazer quando voltássemos para o chão?

O que vai acontecer conosco quando voltarmos para a superfície de novo?!

Eu inalei o ar e gemi. Isso era o inferno. Era um inferno dentro de uma gôndola e mais inferno nos esperando quando saíssemos dela.

Porém, enquanto eu estava me contorcendo de pena de mim mesmo, o Ace simplesmente disse “Então, quando as bolhas chegam a uma certa distância do chão, elas simplesmente explodem, né?” Ele era o único de nós que estava realmente curtindo a paisagem.

Ace, meu chapa, como você consegue ficar tão calmo? Isuka está logo ali, jogando adagas com os olhos para você. De fato, eu diria que ela está atirando lasers em você.

Eu estava tão alarmado pela situação que eu mal conseguia olhar para ela. Em vez disso, eu olhava para as mãos dela para evitar a ferocidade de seu olhar. Uma delas possuía uma cicatriz bem feia de queimadura. Eu percebi essa queimadura na primeira vez que vi ela, de fato. De perto, assim, era claro que a cicatriz era bem antiga.

“Curioso?” ela me perguntou, do nada.

Eu fiquei tão assustado que pulei. O silêncio tomou conta da gôndola.

“Eu perguntei, você está curioso quanto a minha queimadura?” ela repetiu.

Agora que eu entendi suas intenções, eu murmurei “Uh… Sim. Digo, não…”

“Tudo bem,” ela disse, sorrindo. “Isso aconteceu quando eu era criança. Piratas atacaram a vila em que cresci. Em instantes tudo se tornou um mar de chamas. O fogo alcançou meus pais…”

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