Formação dos Piratas Spade

Capítulo 3 - Página 68

“Crianças? Do que você está falando, Segunda-Tenente? Estou simplesmente atacando piratas, garantindo que eles não escapem. Se você deixar os piratas fugirem, isso é o que vai causar miséria para tantas crianças. Estou errado, Segunda-Tenente?”

Dorrow sequer olhava para ela. Toda a sua atenção estava direcionada para Ace, em quem continuava a lançar suas chamas.

Ace, contudo, permanecia parado. A força do lança-chamas era tamanha que ele não conseguia sequer avançar. E, se desse um passo para trás, as chamas atingiriam as crianças indefesas. Não havia nada que ele pudesse fazer.

“Aaaaaaah!”

Avancei sobre Dorrow e o ataquei pelo lado.

“Mas que…?!”

Claramente não esperava que eu me jogasse sobre ele. Uma expressão de surpresa passou pelo seu rosto.

Tão perto assim, o calor abrasador fez minha pele ferver. Eu conseguia sentir minhas roupas e meu cabelo começando a carbonizar. Mesmo assim, me agarrei a Dorrow e não me deixei soltar. Rapidamente Isuka correu para perto das crianças.

“Venham! Por aqui, rápido!” ela disse, se esforçando para libertar as crianças enquanto Ace permanecia imobilizado. Ela entrou pela abertura da construção desmoronada para pegá-las. Eu podia ver a cicatriz de sua infância em sua mão. Ela também deve ter avançado assim através das chamas quando perdeu seus pais.

Eu não podia imaginar a tristeza e o medo que ela sentiu naquela ocasião. Quanta força interior não seria necessária para fazer a mesma coisa agora a fim de salvar essas crianças inocentes?

Entre as labaredas de fogo, a palavra “Justiça” cintilou na parte de trás de sua capa. Assim que tive certeza de que Isuka tinha as crianças sãs e salvas, sorri para mim mesmo. Agora Ace poderia se mover novamente…

“O que… você acha… que está fazendo?!”

Dorrow estava furioso. Ele bateu com um dos joelhos em meu estômago.

“Urgh!”

Uma, duas, três vezes… mas eu continuei segurando firme.

“Me solte!”

Ele me deu mais um golpe particularmente forte, e desabei, cuspindo ácido estomacal. Parecia que minhas entranhas haviam sido amassadas numa bolha. Eu mal conseguia respirar. O calor vindo dos lança-chamas deixava a dor ainda pior.

Mas eu tinha cumprido a minha missão. Através da agonia e dos engasgos, sorri.

“Eu… arranquei eles… otário…”

Página AnteriorPróxima PáginaVoltar ao índice