Formação dos Piratas Spade

Capítulo 3 - Página 56

Eventualmente eu passei a ignorá-la. Logo depois, meu estômago roncou. Eu queria desembarcar e pegar algo para comer na ilha, mas isso não era possível agora. Eu tinha que comer as sobras no navio e esperar para a que a Isuka se cansasse e me desse uma chance de escapar.

“Ei, Ace, eu acho que vou só comer—” eu comecei a dizer, antes de perceber que o Ace não estava no deck. Tardiamente, eu percebi que ele já estava sem responder às provocações da Isuka há algum tempo.

“Maldição!” eu reclamei.

Na margem, a Isuka ainda estava no mesmo lugar aonde aparecera pela primeira vez, olhando para cima e com os braços cruzados. Ela não moveu nem mesmo sua cabeça de um lado para o outro.

“Quer dizer, sério, quão cega você consegue ser?!”

Inacreditavelmente, Isuka manteve seus olhos focados diretamente na lateral do navio, o tempo todo. Sabendo que ela seria desse tipo, o Ace simplesmente pulou em uma direção diferente de onde ela estava olhando.

“Hah! Ficou calado por estar assustado, sabendo que não há escapatória, Punhos de Fogo? Finalmente seu reconhecimento chegou! Punhos de Fogo! Está me ouvindo? Me responda! Qual seu problema? Você dormiu?! Punhos de Fogo!”

Ele obviamente já escapou.

Eu olhei para baixo, para a Isuka, com pena em meus olhos enquanto ela continuava gritando e chamando atenção. A essa altura o Ace provavelmente já está passeando pelo mercado da cidade, provando tudo que a ele parecesse saboroso.

Porém, do nada…

“Cadê o Ace?”

A porta para o interior do navio se abriu em uma fresta, com um som de ranger que parecia desnecessariamente lento e bizarro. Olhando pela fresta estava o homem que raramente mostra seu rosto: Mihal.

“Teach! Que rara surpresa,” eu exclamei quando vi seus óculos e seu bigode pela fresta.

Apesar de se chamar de professor, Mihal não mostrava seu rosto em público a não ser em uma aula oficial. Ele geralmente permanecia recolhido dentro de sua biblioteca mesmo quando chegávamos a novas ilhas. Se ele ousasse se aventurar mesmo que apenas um passo em direção ao mundo exterior, era óbvio que algo terrível estava acontecendo.

Mihal botou um braço para fora no deck, usando a porta quase que como um escudo. Algo era apertado por suas mãos.

“A carteira do Ace caiu no chão, do lado de fora do meu aposento…”

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