Hachishaku-sama

Lenda urbana japonesa pode ter inspirado o Oda

Por COMENTÁRIOS

Fala pessoas, tudo bem?

Com o recente capítulo #906, muito se discutiu sobre a importância do Chapéu de Palha. Teorias surgiram, os fans correram atrás das referências e muita especulação foi feita.

Hoje trago pra vocês mais uma das possíveis fontes e referências do Oda, uma lenda urbana japonesa chamada Hachishaku-sama. Trata-se de um conto de terror sobre uma mulher (ou melhor, uma criatura com aparência de mulher) muito alta, com cerca de 2 metros e 40cm, que sequestra crianças.

Mas o que isso tem a ver com One Piece? Bem, não só já tivemos um sequestrador de crianças na obra, o Caesar, que ainda deve ter um papel relevante mais a frente, como a Hachishaku-sama é conhecida por usar um acessório peculiar: Um chapéu de palha.

Sem mais delongas, abaixo vocês podem ler o conto da Hachishaku-sama e tirar suas próprias conclusões!

AVISO: O conto é DE TERROR, leia-o por sua conta e risco!

Meus avós viviam no Japão, e todo verão meus pais me levavam lá para visitá-los durante as férias. Eles viviam em uma pequena vila e possuíam um enorme quintal, o que era perfeito para eu brincar durante o verão. Quando eu chegava, meus avós sempre me recebiam de braços abertos, afinal, eu era seu único neto. Eles me mimavam bastante.

A última vez que os vi foi no verão que eu tinha oito anos.

Como sempre, eu e meus pais viajamos de avião até o Japão e fomos de carro do aeroporto até a casa dos meus avós, que ficaram felizes em me ver e me encheram de presentes. Meus pais queriam ter um tempo só pra eles, então depois de alguns dias eles partiram em uma viagem por outra parte do Japão, me deixando com o vô e a vó.

Um dia eu estava brincando no quintal enquanto meus avós estavam dentro de casa. Era um dia quente de verão e me deitei na grama para descansar. Eu olhava para as nuvens e sentia os raios de sol queimando minha pele, acompanhados pela suave brisa. Logo quando estava prestes a me levantar, ouvi um som estranho.

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

Eu não sabia o que era e era difícil descobrir de onde vinha. Parecia como se alguém estivesse criando esse som… Como se falasse “Po… Po… Po…” o tempo todo, sem parar, em uma voz rouca e masculina.

Olhei em volta, procurando pela fonte do barulho, quando percebi algo acima das altas cercas que fechavam o quintal. Era um chapéu de palha. Ele não estava acima da cerca, mas sim atrás, e era dali que o som parecia vir.

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

Então, o chapéu começou a se mover, como se quem o vestisse estivesse em movimento. O chapéu parou em uma pequena fresta na cerca e eu pude ver um rosto me observando pelo vão. Era uma mulher. Mas não era possível, as cercas eram tão altas… Elas mediam mais de 2 metros e 40…

Fiquei surpreso quando percebi quão alta essa mulher era. Me perguntei se ela vestia pernas-de-pau ou algum tipo de salto absurdamente alto. Então, em um instante, ela se distanciou e o estranho ruído desapareceu junto com ela, ficando mais baixo com a distância.

Desnorteado, eu me levantei e caminhei em direção a casa. Meus avós estavam tomando chá na cozinha. Eu me sentei na mesa e, depois de um tempo, contei para meus avós o que havia visto. Eles não estavam prestando muita atenção em mim, até que eu mencionei o estranho som.

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

Assim que eu falei isso, os dois instantaneamente congelaram. Os olhos de minha avó se abriram e ela cobriu a boca com as mãos. O rosto do meu avô ficou muito sério e ele me agarrou pelos braços.

“Isso é muito importante,” ele disse, em uma voz intensa. “Você precisa ser exato nisso… Quão alta ela era?”

“Tanto quanto a cerca do jardim,” eu respondi, começando a ficar assustado.

Meu avô me bombardeou com perguntas. “Onde ela estava?”, “Quando isso aconteceu?”, “O que você fez?”, “Ela te viu?… Tentei responder a todas as perguntas o melhor que pude.

Então, ele disparou em direção ao corredor e puxou o telefone para fazer uma chamada. Eu não pude ouvir o que ele dizia. Olhei para minha avó e ela estava tremendo.

Meu avô voltou cambaleando até a cozinha e falou com minha avó.

“Eu preciso sair por um tempo,” ele disse. “Você fica aqui com a criança. Não tira os olhos dela em momento algum.”

“Vô, o que tá acontecendo?!” Eu falei chorando.

Ele me olhou com um ar de tristeza em seus olhos e disse, “Hachishaku-sama gostou de você.”

Com isso, meu avô partiu correndo em direção ao seu caminhão e rapidamente saiu dali.

Eu virei para minha avó e perguntei com cautela, “quem é Hachishaku-sama?”

“Não se preocupe”, ela respondeu com a voz trêmula. “O vovô vai fazer algo quanto a isso. Não precisa se preocupar.”

Enquanto permanecíamos sentados e nervosos na cozinha, esperando que meu avô retornasse, ela me explicou o que estava acontecendo. Ela me disse que havia algo perigoso assombrando a área. Eles chamavam de “Hachishaku-sama” por conta de sua altura. Em japonês, “Hachishaku-sama” significa “oito shakus-sama” (shaku é uma unidade de medida japonesa, 8 shakus daria quase 2.45 metros)

Essa coisa toma a aparência de uma mulher extremamente alta e faz um som característico de “Po… Po… Po…” em uma voz rouca e masculina. A aparência varia um pouco dependendo de quem o vê. Alguns dizem parecer uma mulher idosa em um kimono, enquanto outros dizem parecer uma garota vestida em uma mortalha fúnebre branca. Mas algo que nunca muda é sua altura e o som que isso faz.

Há muito tempo, essa coisa foi capturada por monges que conseguiram confiná-la em uma ruína abandonada nas imediações da vila. Eles selaram usando quatro pequenas estátuas religiosas chamadas “Jizos”, que colocaram nos pontos Norte, Sul, Leste e Oeste das ruínas. Assim, isso não seria capaz de escapar. De alguma forma, a coisa conseguiu escapar.

A última vez que apareceu foi há 15 anos. Meus avós disseram que qualquer pessoa que visse Hachishaku-sama estava destinada a morrer em poucos dias. Tudo pareceu tão louco que eu não queria acreditar.

Quando meu avô voltou, ele veio acompanhado de uma senhora. Ela se apresentou como “K-san” e me entregou um pedaço de pergaminho, dizendo, “Aqui, tome isso e segure com força”. Então, ela e meu avô subiram pelas escadas para fazer algo. Eu fui deixado com a minha avó na cozinha novamente.

Eu precisei ir ao banheiro e minha avó me seguiu ate ele, me impedindo de fechar a porta. Eu estava começando a ficar realmente assustado com tudo aquilo.

Depois um tempo, meu avô e a K-san desceram e, em seguida, me levaram até o andar de cima, em direção ao meu quarto. As janelas estavam todas cobertas por jornais e todos estavam cobertos por runas. Nos quatro cantos do quarto haviam pequenas cuias cheias de sal, e no centro do aposento uma estátua do Buddha descansava sobre uma caixa de madeira. Além disso tudo, um balde azul também tinha sido colocado no quarto.

“Pra que serve o balde?”, eu perguntei.

“Isso é para o seu xixi e cocô,” respondeu meu avô.

K-san me levou até a cama e fez eu me sentar. Em seguida, ela disse “Em breve o sol irá se por, então escute com atenção. Você precisa ficar nesse quarto até amanhã de manhã. Você não pode sair por nenhum motivo até as 7 horas de amanhã. Sua avó e seu avô não irão falar com você até lá. Lembre-se, não saia do quarto por motivo algum. Eu vou avisar seus pais sobre tudo que está acontecendo.”

Ela falou isso com uma voz tão séria que tudo que pude fazer foi concordar com um aceno de cabeça.

“Você precisa seguir as instruções da K-san a risca”, meu avô falou. “E não largue por nada esse pergaminho que ela te deu. Se algo acontecer, ore para o Buddha. E certifique-se de trancar a porta quando sairmos.”

Eles andaram em direção ao corredor e depois de nos despedirmos, eu entrei no meu quarto e tranquei a porta pelo lado de dentro.

Eu liguei a TV e tentei assistir, mas a situação toda me deixou tão nervoso que senti meu estômago enjoado. Minha avó havia deixado algumas besteiras para comer, além de bolinhos de arroz, mas eu não consegui comer nada. Eu me sentia numa prisão, e tudo isso me deixou assustado e deprimido. Me deitei na cama e, sem sequer perceber, eu dormi.

Acordei após algumas horas e o relógio apontava uma da manhã. De súbito, comecei a ouvir uma batida na janela.

“Tap. Tap. Tap. Tap. Tap…”

Senti o sangue fugindo de meu rosto enquanto meu coração parava por um instante. Já em desespero, tentei me acalmar ao repetir para mim mesmo que tudo não passava do vento me pregando peças. Provavelmente era apenas o galho de uma árvore que batia na janela. Subi o volume da televisão para que abafasse o barulho, e eventualmente ele cessou.

Foi então que ouvi meu avô me chamando.

“Tudo certo aí dentro? Você está bem?”, ele perguntou. “Se estiver assustado, você não precisa ficar sozinho aí dentro. Eu posso entrar pra te fazer companhia.”

Sorri e corri em direção a porta. No meio de uma passada eu freei abruptamente, enquanto um arrepio percorria todo o meu corpo. Parecia a voz do meu avô, mas, de alguma forma era diferente. Eu não sabia dizer o que era exatamente, mas eu sabia não era ele…

“O que você está fazendo?”, aquilo que parecia meu avô me perguntou. “Você já pode abrir a porta.”

Olhei para minha esquerda e um frio percorreu minha espinha. O sal que estava nas cuias começava a se tornar de um negrume sobrenatural.

Me afastei da porta como pude, enquanto meu corpo tremia de medo. Caí de joelhos de frente ao Buddha e agarrei com força o pedaço de pergaminho, enquanto orava desesperadamente por ajuda.

“Por favor, me salve do Hachishaku-sama”, eu gemia.

Foi então que ouvi a voz do lado de fora da porta:

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

As batidas na janela voltaram. Fui tomado pelo medo e me encolhi ali, em frente à estatua, em meio ao que era metade choro e metade oração, durante todo o resto da noite.

Parecia que aquilo nunca iria acabar, mas a manhã finalmente chegou. Com ela, pude perceber que o sal nas quatro cuias tinha se tornado negro como piche.

Olhei para meu relógio e ele já marcava 7:30 da manhã. Com cuidado, abri a porta do meu quarto. Minha avó e a K-san estavam lá, paradas em frente a porta, esperando que eu saísse. Assim que me viu, minha avó se derramou em lágrimas.

“Estou tão feliz por você estar vivo,” ela disse.

Desci as escadas e fiquei surpreso ao ver meu pai e minha mãe sentados na cozinha. Meu avô chegou e disse “Rápido! Temos que ir.”

Fomos pela porta da frente e havia uma grande van preta esperando na calçada. Vários homens da vila estavam próximos a ela, apontando para mim e sussurrando entre eles, “é esse o garoto”.

A van era larga e tinha nove lugares. Eles me colocaram sentado bem no centro, cercado por oito outros homens. K-san estava no banco da frente, dirigindo.

O homem à minha esquerda abaixou a cabeça para olhar para mim, e em seguida disse: “Você se meteu numa boa enrascada. Eu sei que você está preocupado, mas é só manter a cabeça baixa e fechar os olhos. Nós não podemos ver, mas você pode. Não abra os olhos enquanto não te levarmos em segurança até lá.”

Meu avô dirigiu um carro na frente, enquanto meu pai nos seguia em seu próprio veículo e, quando todos estavam prontos, nosso pequeno comboio partiu. Estávamos indo em baixa velocidade, cerca de 20km por hora, talvez até menos.

Passado um tempo, K-san falou do banco do motorista, “é aqui que as coisas complicam.” Enquanto seguia dirigindo, ela começou a sussurrar uma oração.

Foi então que ouvi aquela voz.

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

Me segurei no pedaço de pergaminho que a K-san havia me dado, enquanto mantive minha cabeça baixa. Porém, eu cometi o erro de olhar para fora…

Eu vi um vestido branco esvoaçando ao vento. Ele se movia junto com a van. Era Hachishaku-sama. Aquilo estava do lado de fora da janela, mas ainda assim conseguia nos acompanhar em velocidade.

Então, subitamente, aquilo se abaixou e olhou para dentro da van.

“Não!”, eu arquejei.

Um dos homes ao meu redor gritou, “FECHE OS OLHOS!”

Eu imediatamente fechei meus olhos o mais forte que pude, agarrando ainda mais forte o pergaminho.

Então, as batidas começaram.

Tap… Tap… Tap… Tap… Tap…

A voz ficou mais e mais alta.

“Po… Po… Po… Po… Po… Po…”

As batidas se intensificaram, vindo de todos os lados, por todas as janelas. Todos os homens ficaram nervosos e assustados, resmungando entre si. Eles não conseguiam ver e nem ouvir a Hachishaku-sama, mas podiam ouvir as batidas. K-san aumentou as orações, a ponto do inicial sussurro agora parecer um grito. A tensão na van era insuportável.

Após um tempo, as batidas cessaram e a voz desapareceu. K-san olhou para trás e nos disse, “acho que estamos seguros por agora.”

Todos os homens respiraram aliviados. A van se dirigiu ao acostamento e todos saímos. Os homens me levaram para o carro de meu pai, e minha mãe me agarrou forte enquanto lágrimas corriam pelas suas bochechas.

Meu avô e meu pai curvaram-se em um agradecimento a todos os homens que me acompanharam, e logo eles todos partiram. K-san veio até minha janela e pediu para ver o pedaço de pergaminho que havia me dado. Quando abri as mãos, percebemos que ele estava completamente negro.

“Eu acho que você está seguro agora”, ela disse. “Mas apenas pra ter certeza, agarre-se nisso por um tempo.” E assim, ela me deu um novo pedaço de pergaminho.

Depois de tudo isso, nos dirigimos em direção ao aeroporto e meu avô não se desgrudou da gente até que estivéssemos dentro do avião. Quando decolados, eu pude ver o alívio nos rostos de meus pais.

Meu pai disse que já tinha ouvido falar da Hachishaku-sama. Anos antes, um amigo dele havia despertado interesse daquela coisa. O garoto desapareceu e nunca mais foi visto.

Meu pai me disse que haviam outras pessoas que tinham visto aquilo mas viveram para contar a história. Eles todos fugiram do Japão e se assentaram em outros países, sendo que nunca mais foram capazes de retornar para sua terra natal.

Aquilo sempre escolhia crianças como suas vítimas. Eles diziam que era devido às crianças serem dependentes de seus familiares, o que tornava mais fácil para aquilo enganá-los, se passando por um de seus parentes.

Meu pai me contou que aqueles homens na van eram todos meus parentes de sangue, e que por isso eles estavam sentados ao meu redor, enquanto meu pai e meu avô seguiam em carros diferentes no mesmo comboio. Era tudo uma tentativa de enganar Hachishaku-sama. Levou um tempo para que conseguissem reunir tantas pessoas, então foi por isso que eu precisei ficar confinado em meu quarto.

Ele me disse que uma das pequenas estátuas Jizo (aquelas que mantinham a coisa trancafiada) se quebrou e foi assim que aquilo escapou.

Fiquei arrepiado. Era bom estar voltando para minha casa.

Tudo isso aconteceu há mais de 10 anos, e eu não vi meus avós desde então. Não pude nunca mais botar os pés no Japão. Tudo que eu podia fazer era ligar para eles de tempos em tempos, conversando pelo telefone.

Com o passar dos anos, eu tentei convencer a mim mesmo que tudo não se passou de uma grande pegadinha baseada em uma lenda urbana. Porém, às vezes, eu me questiono sobre isso…

Meu avô morreu dois anos atrás. Mesmo durante sua doença, ele não permitia de maneira alguma que eu o visitasse, deixando inclusive instruções claras para que eu não comparecesse ao seu funeral. Foi tudo muito triste e difícil para mim.

Minha avó me ligou há alguns dias. Ela disse que foi diagnosticada com câncer, que sentia minha falta e queria me ver uma última vez na vida.

“Você tem certeza, vó?” eu perguntei. “É seguro?”.

“Faz mais de 10 anos,” ela disse. “Tudo aconteceu há bastante tempo. Já passou. Você é um adulto agora, tenho certeza que não haverá problemas.”

“Mas… E quanto a Hachishaku-sama?” eu disse.

Por um momento houve silêncio do outro lado da linha, e então eu ouvi uma voz grossa e masculina, dizendo:

“Po… Po… Po… Po… Po… Po… Po…”


E aí, o que acharam do conto? Acham que ele pode ter inspirado o Oda de alguma maneira?

Deixem suas opiniões nos comentários!

 

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