Reverie OPEX #18

Os 3 tipos de haki: usos e questionamentos

Por Pah~ 18 de março de 2017 COMENTÁRIOS

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Mais um Reverie OPEX aqui no site! O assunto de hoje é um tanto quanto polêmico, tem muitas discussões rolando pelo fandom e acho válido levantar alguns pontos. Lembrando que todo Reverie tem o propósito de debater algum assunto da história, assim como levantar teorias e análises gerais. Com isso em mente, bora falar dos três tipos de haki: haki da observação, haki do armamento e haki do rei! Lembrando que os links externos usados nos textos são sempre importantes!

Primeiramente, acho bacana pontuar que não tenho a intenção aqui de ficar retomando cada um dos tipos de haki e nem exatamente em qual capítulo surgiram, como Luffy despertou o haki do rei dele, enfim. Essas informações não são relevantes no caso do texto. O que quero propor aqui é apenas falar em como eles estão sendo usados desde que surgiram na história e como eles podem ser bem aproveitados daqui pra frente. E depois, claro, refletir um pouco, questionar um pouco, afinal, quando paramos para analisar algo mais atentamente, temos maiores capacidades de discernimento. Portanto, questionar não faz ninguém menos fã de One Piece, ok? Ok então.

       O maromba que você respeita! Mentira, respeita não porque ele era espião na Marinha para acobertar as bostas do Doflamingo

Um ponto que é legal começar é em como o Oda foi evoluindo o conceito de haki no decorrer da história, principalmente o haki da observação (ou mantra) e o haki do rei. Já no primeiro capítulo Shanks fez uso do haki do rei para amedrontar a enguia monstro do mar do East Blue, porém, esse uso foi um pouco diferente do que ele demonstrou no navio do Barba Branca. Com o haki da observação, o uso do mantra em Skypiea foi muito bem focado pelo Oda, e depois, direcionado de outras formas nos personagens.

Com a enguia, Shanks não conseguiu direcionar sua habilidade para desmaiar o monstro, seja por incapacidade, seja pela situação de tensão de salvar o Luffy (não há como saber, a gente só pode levantar algumas opções). Isso é um pouco estranho pois Shanks já era considerado um pirata de peso na época em que estava na vila do Luffy, não é à toa que os piratas do Novo Mundo estranharam saber que o Shanks havia perdido um braço. No barco do Barba Branca é possível ver o quão diferente é a “potência” da aura do Shanks, que desmaiou em instantes um monte de integrante do bando do Newgate. E sem dificuldades.

Então, fica a pergunta: o Oda não pensou exatamente no “nível” de haki do rei ou é normal ter essas discrepâncias porque senão ele não iria conseguir incluir o verdadeiro significado desse tipo de haki? Vejamos por esse olhar, se Oda seguisse a lógica do primeiro capítulo, o “fator desmaio” talvez devesse ser descartado. Ao invés disso, se ele faz o mesmo personagem anos depois controlar muito bem esse poder e evolui-lo, a existência do desmaio faz mais sentido. Então fica mais tranquilo de entender e aceitar esses detalhes diferentes: Shanks na época que Luffy era pequeno não tinha um haki refinado, ao contrário do Shanks no encontro com Barba Branca.

          Até hoje, quando vejo esse olhar, me arrepia toda! Ainda tem impacto essa cena!

No entanto, há outra questão que acaba prejudicando essa visão primária sobre a evolução do haki do Shanks. Luffy, antes mesmo de ter noção que possuía o haki do rei, atordoou e apagou o bisão do Duval e depois, em Amazon Lily e na guerra de Marineford, botou um monte de gente no chão por causa do uso de seu haki, que tinha praticamente acabado de despertar. Não só Luffy, mas vimos que em momentos extremos, como Ace e Doflamingo, o uso do haki, mesmo sem saberem controlá-lo, teve o “fator desmaio” envolvido. Então, novamente fica a pergunta: por que diabos a do Shanks não teve a mesma ação? Na minha visão é de que o Oda, mesmo sendo um autor fenomenal, não tem como acertar em absolutamente tudo. Na época do primeiro volume, ele podia ter um conceito básico, porém, não tinha evoluído essa ideia para as ramificações do haki, as utilidades e o que viria se tornar depois. E por isso mesmo tento amenizar o uso do haki do rei do Shanks no primeiro capítulo. Acredito mais que ele tenha se colocado em tal perigo para Luffy ver que realmente o mar era perigoso demais para ficar perambulando. Quando ele fala para Barba Branca que ele apostou na nova era fazendo aquilo, me faz acreditar que ele chegou a arquitetar minimamente o que ele ia fazer com Luffy naquele momento. Mas é, não tem nada mais além disso para se basear.

Enfim, se sabe que o haki do rei é um tipo de haki raro e que nasce em algumas pessoas, ou seja, é uma habilidade que não se pode adquirir. Além disso os usuários desse haki conseguem ativar e controlar essa habilidade, o que me faz pensar que pode haver ao menos algumas escalas de haki. Por exemplo, Rayleigh consegue direcionar melhor o haki dele e desmaiar 100 pessoas, e Luffy com seu haki recente não teria tanta destreza assim, direcionando mais imperfeitamente e desmaiando menos gente. Mas o Oda até então não explicou muito bem a que veio o haki do rei, que basicamente é o poder de “intimidação/aura” do personagem que o possui.

O haki do rei ainda não foi usado com frequência, ele apareceu em momentos decisivos da história (como já dito aqui no texto) e deixou bem claro para que serve: desmaiar pessoas mais fracas. Mas e aí, um haki tão único assim, que poucos personagens possuem, só tem utilidade para evitar vermos Luffy enfrentando random? Até então na história o que temos certeza é que em uma luta mais igualitária o haki do rei não serviu para nada. A “intimidação” não fica aparente, no máximo só podemos levantar questões de medo da derrota ou insegurança, o que faria o personagem hesitar. Mas isso configura influência do haki? Não dá para ter certeza.

     E também há duas coisas, Crocodile já sabia da existência dos dois hakis que podem ser treinados, mas não fez questão de tê-los, por quê? E será que na luta contra Luffy ele se sentiu intimidado?

Portanto, até então, fico pensando na real utilidade do haki do rei até o fim da história, que é uma habilidade específica e que pode ser útil em alguns momentos, mas, nem de longe, está mostrando ser um diferencial numa luta importante.

Tá certo, vamos para o haki da observação agora. Ele primeiramente foi inserido na saga de Skypiea, com os Sacerdotes Ohm, Shura, Satori e Gedatsu sendo capazes de prever os movimentos dos adversários e desviarem até certo ponto. Enel e Aisa possuíam um haki mais aguçado, podendo não só prever, mas sentir o sinal vital de cada pessoa, Aisa sentindo numa distância menor, e Enel sendo capaz de ampliar essa habilidade por conta do akuma no mi.

Depois de Sabaody tivemos apenas algumas referências ao uso do haki da observação, A Sandersonia em Amazon Lily mostrou um uso igual dos sacerdotes, mas já na na Ilha dos Tritões, Luffy, Sanji e Zoro passaram a sentir presença do Caribou e depois com o Sanji em Punk Hazard voltando para ajudar Tashigi de Vergo e, já no corpo de Nami, procurando o corpo de Kinemon no lago. Sanji foi o que mais demonstrou ser habilidoso com o haki da observação, mas também suas lutas e seu jeito de ativar o haki diferem até que bastante de como os sacerdotes de Enel usavam. E fico pensando no quão útil seria esse uso do haki da observação, afinal, do que adianta você potencializar seu golpe com o haki do armamento se você não conseguir acertar o alvo? Pode até ser interessantíssimo ver uma luta nesse formato em que a “previsão do movimento” e a velocidade ganham da força bruta.

      Imagina uma luta em que Sanji demonstra prever todos os golpes e com sua velocidade desvia de tudo e ainda retribui com golpes na fuça dos inimigos?

Além de Sanji, Usopp também despertou o haki da observação em Dressrosa, sendo capaz de sentir e “enxergar” Luffy, Law e Sugar de uma distância enorme. E impedir que Sugar estragasse tudo transformando os dois em brinquedos. É bom lembrar que todas as demonstrações do mantra foram em seres vivos e não inanimados, portanto, a parte da história em que o Zoro consegue “sentir os objetos” em Alabasta não é haki, é realmente algo específico que o mestre dele o alertou. Um ensinamento do bushido, em que a concentração máxima e sua vontade de cortar aquilo que quer e não cortar aquilo que não quer faz toda diferença.

E finalmente o haki do armamento!! Uma coisa que eu sempre repito em qualquer debate que entro sobre haki: o haki da observação e o haki do armamento são habilidades complementares à técnica de luta dos personagens. É sim um atributo útil e interessante para qualquer um, porém, ele quase nunca irá se sobressair à técnica do personagem. Garp, por exemplo, pode usar seu haki do armamento para aumentar a “força/potência” (como aconteceu em Water Seven) de seu golpe, porém, o golpe foi a criação primária, treinada em algum momento por ele. Segue assim para personagens akumados ou não. Por isso, é preciso ter em mente que não é coerente superestimar o haki. Inclusive, fiquei até bastante feliz em como o Oda conseguiu equilibrar bem isso, o haki precisa estar em conjunto com o modo de luta do personagem, por isso ainda é difícil ver o uso dessa habilidade em personagens como a Nami, Robin, Chopper…eles ainda estão presos à suas técnicas que cumprem bem suas tarefas. No momento em que for necessário o aperfeiçoamento, o haki estará ali como uma adição, seja o da observação ou do armamento. Enfim, nesse aspecto ainda vou falar do Zoro mais pra frente, que será um ótimo exemplo do uso do haki do armamento.

O haki do armamento é o que menos se encaixa no andamento da história. Ao contrário do haki da observação, que tivemos uma apresentação anterior, assim como o haki do rei também, o haki do armamento só veio a surgir mesmo com o Sentomaru, lá em Sabaody, e do nada. Sem nenhuma introdução. Depois, tivemos um pouco mais de explicação em Amazon Lily, mas num formato de “rebater” golpes, “suprimir” danos, muito mais como uma habilidade de defesa do que de ataque, apesar das amazonas Kujas imbuírem haki do armamento em suas flechas. E na época não tinha nenhuma representação dessa habilidade, como vemos hoje os personagens escurecendo o corpo. E olha só, a habilidade de rebater que Sentomaru e a Marigold mostraram nunca mais apareceu depois do timeskip, simplesmente se tornou uma habilidade de potência e de força, que permite encostar no corpo real de akumados e, principalmente os logias.

Visualmente falando o haki do armamento ficou mais claro, mas aí veremos cenas assim de confronto de níveis de haki

No caso, não acho que escurecer seja uma evolução do poder, e sim que o Oda estava com dificuldades de demonstrar a ativação, e que os personagens tinham haki. Na guerra de Marineford inteira qualquer fã pode apontar uso do haki em diversas partes, porém, ao mesmo tempo, era muito difícil saber que personagem tinha ou não o haki (se estava usando). Quando havia algum golpe ou ação em um personagem logia, era mais fácil de visualizar o haki, porém, em personagens comuns, ficava nebuloso. Por exemplo, o Vista, que é um espadachim. E imagina, depois do timeskip, como dizer qual char do bando tinha haki ou não? Seria realmente mais difícil…então, Oda achou um jeito bem mais fácil de mostrar isso. É por essas e outras que não acredito no uso do haki no golpe do Law contra Vergo (e que cortou a ilha kkk) em Punk Hazard. Aquilo foi apelação do fruto do diabo dele mesmo.

Mas enfim, só quero responder bem claramente minha opinião: eu não gosto do haki do armamento. Eu demonizo o uso do haki? Não. Eu quero dificultar as lutas dos mugiwaras e de qualquer outro personagem contra os logias? Não. Sei muito bem que o Oda incluiu o haki do armamento justamente para que os logias não fossem tão roubados como eram, mas mesmo assim ele já havia criado a kairouseki e explorou bem os pontos fracos de outros logias. Claro que podemos questionar o quão mais difícil seriam as lutas, mas mesmo assim já existia caminhos que o Oda criou!

E foram caminhos que ele explicou bem, que foi uma boa jogada de roteiro e que até tinha criado algumas expectativas quanto à futuras lutas. “Como elas seriam?” “Quais seriam os pontos fracos dos logias restantes?” “As lutas seriam individuais ou em dupla, trio, grupo?” Enfim, todas essas expectativas acabaram assim que o haki do armamento se tornou comum para ser um diferencial numa luta importante.

           Zoro foi o que melhor demonstrou dominar o haki do armamento (tirando o Luffy), e o que já era apelão, está bem mais.

E a diferença é tão gritante que agora sim está na hora de falar do Zoro! Uma das minhas lutas favoritas do mangá (talvez seja até minha favorita mesmo) é do Zoro e Mr.1, em Alabasta. Toda a superação do Zoro e o quanto penou, sangrou e se esforçou para ganhar do Daz Bones é impressionante pra mim. Tem fã que fala que Zoro despertou o haki do armamento ali, mas acredito que não tenha sido isso. Há uma resposta na SBS do volume 79 em que o Oda fala sobre “níveis” de akuma no mi, que tem akuma no mi mais fortes que outras (e por isso mesmo que Akainu conseguiu ganhar da mera mera do Ace e atingi-lo). Nesse caso há a possibilidade do Zoro ter também “superado” o poder do fruto do Mr.1, pois sua lâmina e seu golpe seriam mais fortes (e mais afiados) que a própria lâmina do Bones. Ou então uma terceira possibilidade, que é mais simples ainda: Zoro quis cortar o Bones e aprendeu o ensinamento de Koshiro.

Por mais que o Zoro seja muito mais “bruto” do que inteligente, as lutas dele são para superar limites, dificuldades, sempre vem com ensinamentos desse tipo, para não desistir mesmo que o inimigo seja forte. E agora, as lutas do Zoro depois do timeskip perderam bastante esse brilho. A falta de sangue e danos no Zoro me incomoda, pois perdi a vontade de aprender com ele nas batalhas. Além disso, a batalha dele com Pica, a maior dificuldade foi o Zoro encontrar o verdadeiro corpo dele, que se escondeu praticamente a luta toda. O cansaço do Zoro foi correr! E o que determinou o fim da luta foi o uso do haki do armamento, claramente.

Esse tipo de resolução é algo que eu já tava temendo quando o haki do armamento foi apresentado e detalhado em Amazon Lily, e se tornou uma preocupação minha justamente por conta dessa habilidade ser uma forma preguiçosa de criar uma luta (e finalizá-la também). Como disse em parágrafos antes, até gostei que o Oda equilibrou essa habilidade nos personagens, mas essa luta do Zoro contra Pica, em específico, me deixou essa sensação de preocupação, e espero que as outras lutas dele sejam mais desafiadoras.

Enfim, de toda forma, é difícil saber o que esperar dos tipos de haki daqui em diante. Sou muito fã do mantra e sou indiferente quanto ao haki do rei, mas ficarei muito de olho no modo como o haki do armamento será abordado até o fim da história!