Formação dos Piratas Spade

Capítulo 1 - Página 22

Na realidade, porém, eu não poderia nem mesmo ficar incomodado. Eu estava muito ocupado apenas tentando sobreviver.

Um dia inteiro poderia ser ocupado só vagando, tentando conseguir água e comida. E todo aquele movimento apenas deixou minha garganta mais seca e meu estômago mais vazio. Só ficar sentado ainda fez isso acontecer também, é claro.

Também tive que me proteger do frio da noite e das rajadas de vento que vinham do mar. Enquanto procurava por comida, eu coletei galhos e folhas e construí um abrigo para mim. No caminho, eu recolhi materiais que podem ser usados para construir um barco e escapar da ilha.

Havia muito o que se fazer.

O sol nasceu antes que eu percebesse e se pôs com a mesma rapidez. Por alguma razão, a noite parecia ser muito mais longa.

Eu fui para meu abrigo e enrolei meu corpo cansado como se fosse uma bola. só pra ser acordado pelo som das brisas do mar, que sopram mais forte à noite. Parecia que elas vinham apenas para me acordar toda vez que eu estava muito perto de cair no sono. E isso se repetia durante toda a noite, até eu começar a sentir como se alguém estivesse, intencionalmente, fazendo o vento soprar para me privar de dormir.

E toda vez que acordava de novo, eu murmurava: “Que frio…”, por hábito. Eu nem precisava pensar para as palavras virem aos meus lábios. E, embora eu tentasse dia após dia, eu nunca tive sucesso em acender uma fogueira. Ou eu estava fazendo isso errado, ou as árvores na ilha não era do tipo certo para queimar, ou os dois. Eu tive que suportar muitas noites sem fogo.

A praia era fria depois de escurecer. Mas na floresta, onde a luz das estrelas ficava mais fraca, as formigas ferozes eram suficientes para me impedir de dormir profundamente. Então, me enrolei em meu casaco comprido e murmurei sozinho, “Que frio…”. Isso se tornou um hábito tão inconsciente que eu, às vezes, me assustava com minha própria voz.

Isso era irônico, na verdade. Aqui estava eu, em uma bonita e inabitada ilha, assim como as histórias que eu sonhava acordado quando menino. E agora, eu estava à beira da morte.

Sonhos e realidade não poderiam ser mais diferentes…

Assim como minhas tentativas de sobrevivência estavam quase sem sucesso, a missão de construir o barco do Ace não estava entre as melhores.

 

Eu estava em uma tarde caminhando ao redor da ilha quando me deparei com Ace no meio de uma tentativa de escapar pelo mar. Fiquei me perguntando quantas vezes ele já tinha tentado até agora.

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