Entrevista Oda Revista GHIBLI

Por Bururu 16 de julho de 2014 COMENTÁRIOS

Nesta entrevista, Eiichiro Oda fala a Revista GHIBLI sobre o trabalho do cara que anda inspirando muito a mente do nosso querido mangaká. Este cara é Hayao Miyazaki, o ganhador do Oscar de Melhor Animação com seu filme “A Viagem de Chihiro”. Vejam a entrevista abaixo:

Eiichiro Oda: “O trabalho especial interligando passado e futuro é exatamente o One Piece que eu venho desenhando.”

Eu fui à exibição de O Quebra-Nozes e o Rei dos Camundongos de Hayao Miyazaki. Eu estava ansioso para ver novas artes e ser levado a um novo mundo.

Eu sou um fã do Hayao Miyazaki. É uma grande felicidade poder ver os desenhos dele, o que me trouxe grande satisfação, após visitar a exibição.

Quando eu era criança, a maioria das séries que passavam no WSJ não tinham muita coerência em termos de história. Tanto os mangakás quanto os leitores se importavam em divertir, desconsiderando a coerência da história. Dito isso, quando me tornei um mangaká, a história que eu quis desenhar deveria ser clara e coerente. Atualmente, os leitores são rigorosos. Eu sinto que essa tendência é algo como, quanto mais os leitores veem, melhores eles são. Talvez seja porque os adultos começaram a ler o que a princípio pertencia às crianças.

Os mangakás começaram a organizar os conteúdos, porque eles queriam obter a aprovação daqueles leitores adultos. Mas, existe uma regra imaginária para se criar uma história, em que tudo deve trazer coerência como um todo e deve ser previsível. Imaginação livre, por outro lado, é o que vai deixar os leitores felizes e deveria existir.
Atualmente, eu estou desenhando uma história sobre um soldado de brinquedo. Falando em brinquedos, a impressão comum é de que eles se quebrarão algum dia. Ao contrário dos humanos, eles não irão se recuperar. Também, é incomum consertá-los. Esse tipo de sentimento de ilusão não é ruim.

Eu comecei a desenhar usando a imaginação também. Dessa vez (Dressrosa), eu desenhei pela primeira vez uma cena em que um soldado de brinquedo e uma garotinha andam juntos, de mãos dadas. Mais tarde, cada passo evolui a partir deste ponto. A minha impressão sobre os soldados, falando francamente, é de que eles são todos homens mortos. Desenhar uma garotinha próxima a um soldado de brinquedo faz com que ele pareça ter vida.

Meninas com certeza são normalmente mais frágeis e precisam de ajuda. Ainda mais quando penso na minha filha. O impacto do ambiente é significante. Eu não teria imaginado desenhar uma história de pais e filhos antes de me casar. (Como dizem “A arte vem da vida, e vai além dela.”)

Tem uma personagem feminina, Nico Robin. Quando eu estava desenhando aquele respectivo arco para ela, eu fui pego de surpresa, porque foi a primeira vez que desenhei uma história de pais e filhos. Até aquele momento, eu jamais havia pensado em desenhar algo do tipo. Quando eu olho ao meu redor, a minha esposa está lá, a minha filha está lá. Eu não consigo me lembrar desde quando a minha impressão de pais e filhos mudou dos meus pais para a minha esposa e minha filha.

Para o mangá, acontece de a história de alguém ser uma repetição de outra totalmente desconhecida. É ainda mais provável que aconteça quando se trata de algo produzido em série.

Haverão motivos semelhantes nas mentes dos mangakás para colocar acontecimentos, como história secundária ou pensadas exclusivamente para seu mangá. Eu vou obviamente presumir que é isso, mas isso também influência a sociedade. Quando tem uma depressão/recesso, mangás com conteúdo otimista seriam populares. É sempre simples aceitar coisas que vão na direção contrária do que está acontecendo atualmente. Eu fico mais ansioso para dar uma olhada em um mundo ideal inimaginável, apenas quando me sinto mal.

Últimas palavras ditas para Hayao Miyazaki, não importa o caminho que você escolher, eu espero que você continue desenhando. Eu realmente quero ver isso.

Veja a primeira entrevista deste mês do Oda em Taiwan.

Fonte: Opforum