Olá marujos e aqui estamos com a terceira parte da entrevista de Eiichiro Oda (Criador de One Piece) e Masashi Kishimoto (Criador de Naruto). Leiam atentamente e só os verdadeiros fãs de animes terão Haki para apreciar essa entrevista foda.
Mas caso não tenha lido a primeira parte, basta clicar aqui!
E para ler a segunda parte da entrevista clique aqui!
E VAMOS COMEÇAR A 3º PARTE DA ENTREVISTA DO SÉCULO! lol
Entrevistador: Antes de tudo, queria agradecer por todo o seu trabalho durante os últimos 15 anos, Kishimoto-sensei.
Kishimoto: O prazer é meu. Eu me sinto um pouco mais livre agora que terminou, mas ainda estou bastante ocupado com a Naruto Exhibition e várias entrevistas, sem contar o trabalho no filme. Achei mesmo que iria ter um pouco mais de folga (risos).
Oda: Na última vez em que te vi, logo depois do último capítulo do Naruto ser publicado, eu não te ouvi dizer “O céu ficou diferente para mim”?
Kishimoto: Sim, ficou mesmo. De alguma forma, estava mais brilhante. Era um céu bem azul, sabia? (risos)
Oda: Isso não aconteceu comigo ainda. Por aqui, os céus ainda estão um pouco amarronzados. (risos)
Kishimoto: Para mim, tudo mudou. Até a água tem um gosto diferente. (risos) Mas outro dia eu estava trabalhando no script do filme, e eu pensei: “Ei, eu não preciso fazer isso no escritório.” Então tentei sair para dar uma caminhada, mas não consegui fazer muito progresso.
Oda: É, sair é difícil. Às vezes eu dou uma saída para mudar os ares, mas nessas horas eu nunca tive uma ideia boa.
Kishimoto: Toda as vezes que saio, sempre vejo várias lojas querendo chamar a minha atenção. Olho para a placa de um restaurante, e penso “Hmm, eu poderia entrar e ver como é,” sabem? Ou como em outro dia, em que assisti um filme bem divertido com os meus filhos. Depois disso, nós fomos comer, e ficamos conversando.
Oda: Que bom. Queria poder fazer isso. (risos) Mas quando se está trabalhando em uma série, é difícil dar uma parada, não é? Digo, quanto mais tempo eu fico longe da minha mesa, mais ansioso eu fico.
Kishimoto: Eu era basicamente assim, também.
Entrevistador: Oda-sensei, como você se sentiu quando Naruto finalmente acabou?
Oda: Eu fiquei um pouco triste. Pensei, “Então é isso, hein?” Digo, eu já sabia que a história estava chegando ao fim, mas no fundo eu não queria que isso acontecesse.
Kishimoto: Quando terminei o mangá, mandei uma mensagem de LINE para o Oda. Já estávamos mantendo contato, então não senti que era algo demais. Não sou muito fã de pompa e circunstância, afinal. (risos)
-A página-título do One Piece na edição 50 da Shonen Jump de 2014, a mesma em que saiu o capítulo final do Naruto, foi uma surpresa para todos com as suas referências aos personagens e símbolos da série.
Oda: O último coordenador de mídia do Kishimoto já foi o meu editor. Eu fui conversar com ele em particular, e disse “Eu tenho que fazer alguma coisa especial para o final do Naruto.” Eu cheguei àquilo que fiz depois de trocar um monte de ideias com ele.
Kishimoto: Nossa, é sério? Não sabia disso.
Oda: No fim das contas, ele não conseguiu se decidir em nenhum plano. (risos) Então resolvi fazer o rascunho de alguns elementos do Naruto, e tive a ideia ali mesmo.
Kishimoto: Que incrível. Deve ter dado bastante trabalho.
-Lendo o começo de cada item no menu no restaurante, dá para ler “Parabéns, Naruto” escrito (em japonês), certo?
Oda: É, eu quis inventar alguns pratos que lembrassem os leitores do Ichiraku (o lugar onde o Naruto ia comer ramen). E também decidi incluir uma mensagem secreta. Estava esperando que ninguém mais além de você tivesse percebido, e que isso ficasse entre nós… mas todo mundo notou na hora. (risos)
Kishimoto: Bem, todo mundo menos eu. Meu irmão (Kishimoto Seishi, outro mangaká) me chamou e disse “Olha para o menu na parede ali atrás. Tem uma mensagem escondida”, e foi só então que vi!(risos)
Oda: Mas eu ainda achei que tinha escondido melhor. Fazer o quê…
-Parece que os leitores perceberam quando viram o escrito da “Salada Arugula”.
Oda: Rachei a cabeça para inventar pratos que poderiam servir no restaurante que o personagem frequentava no começo da história, mas foi difícil. (risos)
Kishimoto: E aquele ali é o Naruto abocanhando um pedaço de carne, certo? Enquanto o Luffy comia ramen.
Oda: O Luffy dar carne para alguém é coisa rara. (risos)
Kishimoto: Além disso, o título daquele capítulo do One Piece (766) era “Smile” (“Sorria”)so, o título do Capítulo One Piece 766 é SMILE. Aquilo me deu um nó na garganta. Eu sei que muita gente gostou daquela capa, mas fui eu quem fiquei mais feliz com ela.
Oda: Eu nunca contei isso antes, mas o plano original era te passar uma mensagem através do capítulo inteiro, e não só a capa. Eu planejei colocar símbolos do Naruto em todos os cenários, e até desenhar umas linhas no rosto do Luffy, deixando ele parecido com o Naruto… mas a história estava no meio de um flashback grande com o Corazón, e o Luffy não estava em lugar nenhum. E infelizmente, a sequência só terminou depois que o Naruto tinha acabado.
Kishimoto: Nossa. (risos) Digo, olhando aquela capa, eu até queria ter feito mais coisas como essa.
-Mas você incluiu o símbolo do Bando dos Chapéus de Palha no monumento dos Hokages, bem no fim do último capítulo, não é mesmo?
Oda: Ah, o Kishimoto falou comigo antes que iria fazer isso. Ele disse, “o filho do Naruto vai fazer umas pichações, será que posso incluir a caveira dos Chapéus de Palha?” E claro, não tive problema nenhum com isso. Mas eu fiquei só um pouco preocupado de os fãs do Naruto ficarem bravos, já era no último capítulo.
Kishimoto: Não precisa se preocupar. (risos) Mas eu bem que imaginei que isso iria gerar alguma discussão.
Oda: Nem acreditei que você colocou a caveira naquela página tão grande. (risos) Muita gente parece achar que desenhistas de mangás não podem ser amigos, só porque estão competindo na mesma revista ou por qualquer outro motivo. Mas as coisas não são nem um pouco assim – muitas vezes, a gente se conhece de longa data.
Kishimoto: Exato. A verdade é que todos nos damos bem. (risos)
Oda: Bem, o fato da Jump ter sido o lar de não só um, mas dois quadrinhos de fantasia com batalhas populares é um testamento à sua obra.
Kishimoto: Dificilmente. (risos)
Oda: Geralmente, quando há duas séries de mangá do mesmo estilo, elas costumam competir pela mesma audiência. Mas o Kishimoto descobriu como não deixar que o Naruto e o One Piece ficassem muito parecidos um com o outro. Como no uso das cores, por exemplo. O Luffy usa bastante vermelho, então ele usou uma cor diferente para o Naruto. Não há quase nenhum tom de vermelho no Naruto, não é? Ele fez o possível para manter essa diferenciação. Dito isso, se o Kishimoto tivesse começado dois anos antes de mim e usasse o vermelho primeiro, eu provavelmente teria usado o vermelho mesmo assim. (risos)
Kishimoto: Então é aí em que somos diferentes. (risos) Mas eu realmente fiz um esforço consciente por toda a série para impedir que ela ficasse parecida com o One Piece.
Oda: Uma coisa é falar, mas tenho certeza que deve ter sido difícil de fazer. Digo, eu mesmo tive dificuldades tentando manter o One Piece diferente do Dragon Ball.
Kishimoto: Certo.
Oda: O Dragon Ball fez uma impressão tremenda em todo mundo; acho que cinco anos depois de ter acabado, os fãs ainda se lembravam. Com certeza foi uma das minhas histórias favoritas. Nunca teria tido chance contra ele. Então eu tive que criar algo diferente.
Kishimoto: Concordo.
Oda: É por isso que eu realmente tento enfatizar o elemento da aventura para os leitores, ao invés das cenas de luta. Mas acho que isso foi mais difícil para o Kishimoto, já que ele tinha que evitar ficar parecido com o Dragon Ball e o One Piece.
Kishimoto: Foi um processo de tentativa e erro, com certeza. O Oda estava escrevendo uma história sobre uma grande jornada, então eu tinha que ficar longe disso. É por isso que o Naruto sempre voltava para a vila entre cada missão. Além disso, o Luffy foi pouco a pouco alistando um monte de companheiros, então achei que o Naruto deveria começar a história rodeado pelos amigos dele. Dessa forma, esperava que o mangá fosse diferente desde o primeiro capítulo.
Oda: Isso me lembra da vez em que tive que mudar um plano por causa da sua série. Eu estava planejando chamar o Sanji de Naruto. Mas no instante em que o seu mangá começou, eu percebi que ele iria durar um bom tempo, então troquei o nome no último instante.
Kishimoto: Em que etapa isso aconteceu? Você já sabia que iria usar aquela sobrancelha enrolada?
Oda: Já. Digo, era por causa da sobrancelha enrolada que eu queria chamar ele de Naruto (nome em japonês para o desenho da espiral). Ele era daquele jeito desde os meus primeiros esboços de personagens. Mas fico feliz de você ter começado o Naruto antes de eu ter apresentado o Sanji, senão eu poderia ter te causado um problemão.
Kishimoto: Poderia.
Oda: Digo, o que você teria feito se o Sanji tivesse aparecido, chamado de Naruto?
Kishimoto: Eu provavelmente teria mudado.
Oda: Mesmo sendo o personagem principal? (risos)
Kishimoto: Eu teria usado algum outro nome relacionado a ramen, como “Menma” ou “Shinachiku”. (risos) Mas então eu teria que repensar o símbolo dele.
Oda: “Shinachiku” teria sido difícil de pronunciar para os leitores estrangeiros. (risos) Por outro lado, eu conversei com o Kishimoto antes de apresentar o golpe “Gigant Pistol” -sabe, o golpe em que o punho do Luffy fica enorme? Porque tem uma cena na Parte 2 do Naruto em que mão do Choji fica bem grande…
Kishimoto: Isso mesmo.
Oda: Foi uma surpresa ver aquilo, então quando chegou a hora de mostrar o Gigant Pistol, eu avisei a ele “Olha, eu vou meio que copiar o seu estilo. Desculpa.”
Kishimoto: Mesmo não sendo nenhum grande problema. (risos)
Oda: Mas foi graças ao Kishimoto que os nossos dois mangás puderam ser publicados ao mesmo tempo, na mesma revista.
Kishimoto: Bem, no instante que alguém me disse que o Naruto era parecido com o One Piece, já sabia que não tinha chance. Mas eu realmente senti a influência do Oda às vezes.
Oda: Ah, tá. (risos)
Kishimoto: Teve uma vez, não me lembro quando, quando eu te perguntei em particular sobre a sua abordagem para escrever mangás. Eu queria saber como se sentia a respeito.
Oda: Você se lembra do que eu disse?
Kishimoto: Ele esqueceu. (risos) Você disse, “A questão não é desenhar bem. É se desafiar todas às vezes em que faz isso – é assim que você deve tratar o trabalho com mangás.” Aquilo me deixou impressionado.
Oda: Digo, o momento em que você está de costas para a parede – esse é o momento em que você desenha com emoção.
Kishimoto: É, acho que isso é verdade. É igual a forma como o diálogo dos personagens nunca vai ficar bem até você colocar o sentimento de verdade. Sem isso, não tem aquele espírito.
Oda: É, você não consegue transmitir nada. Você tem que pensar com força, e desenhar com emoção.
Entrevistador: Falando no desenho de personagens, o que você acha do estilo do Kishimoto-sensei?
Oda: Tudo o que ele desenha, ele desenha bem. Digo, ele tem muito respeito pelos animadores, e é por isso que as sombras dele são tão distintas.
Kishimoto: É, eu tento fazer eles “aparecerem”. O Oda, por outro lado, prefere trabalhar com gradientes de cor.
Oda: Eu gosto de pintar tudo. Mas o físico do Luffy é um pouco diferente do resto das pessoas, então às vezes não faço ideia que tipo de sombra usar. (risos)
Kishimoto: O Oda tem um ótimo senso de composição e layout. Não importa quantos personagens apareçam em um painel, ele faz tudo funcionar como uma imagem só. Você sente que cada quadro tem importância, dando a sensação de avançar a história. Isso torna o mangá divertido.
Oda: O Kishimoto gosta de assistir anime, e é por isso que aparecem todos aqueles efeitos que nunca se viu antes no mangá. O estilo de expressão dele é incrível. Como por exemplo, quando o Naruto e outros personagens usam técnicas ninja; deve ser um desafio de verdade ilustrar esses movimentos em uma escala tão grande, mas o Kishimoto nunca deixa de arranjar uma forma nova de mostrar tudo.
Kishimoto: Eu gosto mesmo de efeitos, e sou bem exigente com eles. (risos)
Oda: Aquele que mais me surpreendeu foi quando um dos seus vilões ficou invisível e entrou debaixo d’água. Tudo o que dava para ver era a silhueta, e eu achei que ficou muito bem feito. Você mesmo inventou aquilo?
Kishimoto: Devo ter usado isso no “Kakashi Gaiden”. Não me lembro bem dos detalhes.
Oda: Bem, usei aquilo como inspiração para o meu personagem invisível. (risos)
Kishimoto: Ah, você tem um olho para essas coisas. Mas fico feliz em te ouvir dizer isso.
Oda: Também preciso comentar sobre as suas cores. Você sempre usa as melhores. Você costuma prestar muita atenção nisso?
Kishimoto: Bem, nem tanto. (risos)
Oda: Você usa muitas cores moderadas e elegantes.
Kishimoto: Uso.
Oda: Sempre gostei dessas cores, também. Mas como a audiência principal do One Piece são garotos mais novos, achei que eu deveria me esforçar para usar muitas cores primárias. E agora, bem, me acostumei muito com essas cores primárias, mas foi uma transição dolorosa. (risos)
Kishimoto: Agora que você comentou, a sua paleta de cores sempre salta das páginas, não é?
Oda: Bem, essa é outra diferença entre o Naruto e o One Piece que provavelmente foi bom ter existido.
Kishimoto: A forma como você usa cores no One Piece é bem complicada – nunca conseguiria fazer isso. Acho que essa é a sua arma secreta. Eu já li vários mangás, e nunca vi ninguém usar cores da forma como você usa. Achei que pudesse ser algum talento natural seu, mas foi algo que você se esforçou para alcançar. É incrível.
Oda: Agora eu desenho muitos arco-íris. (risos)
Entrevistador: Havia alguma coisa que você tentava alcançar na sua arte no Naruto, Kishimoto-sensei?
Kishimoto: Bem, os efeitos que mencionamos antes são um exemplo. Mas no Naruto, eu sempre quis mostrar todos firmemente de pé no chão.
Oda: Pode parecer óbvio, mas é mais difícil de conseguir do que parece. Você precisa saber exatamente onde fica o centro de gravidade do corpo – como, de que forma a posição do quadril é afetada quando o personagem levanta o ombro, e por aí. Esse senso de equilíbrio é crucial. É por isso que olhando para o Naruto, mesmo só a forma como ela fica de pé, dá para sentir a firmeza.
Kishimoto: Você também faz isso muito bem.
Oda: Eu costumo mudar o chão para combinar com a forma como os personagens ficam de pé. O One Piece tem um monte de personagens de tamanhos diferentes, e percebo que não consigo desenhá-los do jeito como quero se eu começar pelo chão.
Kishimoto: Eu me sinto do mesmo jeito sempre que desenho as Bijuus. É preciso levar o chão até elas.
Oda: Você é fã do Godzilla, então deve ter curtido bastante desenhar aqueles monstros enormes. (risos)
Kishimoto: Definitivamente. Mas sempre que vou desenhar uma Bijuu, o meu tempo de entrega fica devagar. São muitos painéis para fazer.
Oda: É. Sempre que se desenha da perspectiva de um personagem grande, o quadro costuma incluir um monte de personagens menores, e isso cria várias coisas a ilustrar.
Kishimoto: Mas não acho que ninguém bota tantos detalhes em cada quadro como você.
Oda: Não sei. Sempre achei que sua técnica das cópias dava trabalho.
Kishimoto: As cenas com ela eram difíceis. (risos)
Oda: Mas isso é porque você é bem exigente. Digo, é sempre difícil quando se está no meio de um desenho, mas nada traz mais satisfação do que uma imagem bem eficaz. E os leitores também apreciam isso. Não me interessa quantos dias possa levar, eu quero publicar só páginas boas.
Kishimoto: O problema é ter a energia para fazer isso. (risos) Mas ver como você encara o seu trabalho de frente também me dá vontade de fazer o meu melhor.
Oda: Mas, sabe, está ficando difícil realizar exposições como a Naruto Exhibition. Hoje em dia, todo mundo está passando a fazer ilustrações pelo computador, então daqui a pouco não vão haver mais desenhos originais para exibir. Acho que fazemos parte da última geração que pode criar exposições desse tipo.
Kishimoto: “Última geração”, diz ele…
Oda: Somos praticamente fósseis.
Kishimoto: Fósseis vivos. (risos)
Oda: Que sorte a minha – ter que entrar nessa nova era já fossilizado. (risos)
Entrevistador: Quais são os seus personagens favoritos do Naruto, Oda-sensei?
Oda: Provavelmente o Rock Lee e o Might Guy. O Kishimoto conhece muito bem o Kung Fu dele.
Kishimoto: Bem, cresci assistindo filmes do Jackie Chan. O que posso dizer?
Oda: E do ponto de vista do design, o Zabuza era muito legal. Acho que o Naruto decolou mesmo em popularidade durante a história com o Zabuza.
Kishimoto: Aquele período foi bem difícil. Ficava com febre toda semana, e tinha que continuar desenhando. (risos)
Oda: Esse foi o período mais difícil durante o seu trabalho no Naruto?
Kishimoto: Não, esse período provavelmente foi bem no fim. O último capítulo ia ser em cores, então precisei começar bem cedo. E como eles já haviam decidido em qual edição ele seria lançado, tive que adaptar a história para caber no cronograma. Mas quanto mais o capítulo final se aproximava, mais eu sentia que estava faltando espaço para encerrar as coisas. Normalmente eu deixaria para continuar o enredo na edição seguinte, mas agora eu não tinha como escapar. Sério, houveram momentos em que achei que estava perdido. (risos)
Oda: Mas eu não senti que o capítulo foi feito na pressa. O layout e os painéis tinham bastante margem. Mas tenho certeza que você já havia planejado tudo até o confronto final entre o Naruto e o Sasuke. Foi difícil chegar naquele ponto da história?
Kishimoto: Sim, foi. (risos)
Oda: Acho que seria divertido para mim encerrar o One Piece de um jeito 100% satisfatório, mas chegar lá vai ser uma luta tremenda. Eu tenho um monte de ideias para o que posso fazer – mas tem razão, é muito difícil. (risos)
-Qual foi a parte mais difícil na preparação do final do final do Naruto?
Kishimoto: Foi como exatamente eu iria retratar o Sasuke. Até aquele momento, eu havia mostrado muito dos sentimentos interiores do Naruto sendo expostos, mas mantive os sentimentos do Sasuke totalmente escondidos. Eu sabia que iria revelá-los no final, mas não tinha certeza como chegar lá. Digo, eu havia decidido no começo que o clímax seria a batalha entre o Naruto e o Sasuke, então isso saiu mais ou menos como eu havia imaginado. Mas as coisas que aconteceram entre um ponto e outro não saíram exatamente como havia planejado.
Oda: Quando se vai ilustrar algo que estava na sua cabeça desde o começo, você pode acabar se cansando daquilo bem rápido. Então se você acabar tendo uma ideia mais interessante, é muito importante explorá-la. Não vá fazer algo só porque foi a sua ideia original – você também pode acabar decepcionando o leitor.
Kishimoto: Exato. Quando a inspiração bate, você não pode ignorar.
Oda: E quando se chega lá, você tem que saber como continuar na próxima semana. Então a situação se torna “Ah não, o que faço agora?” (risos)
Kishimoto: Você pode tentar arranjar alguma justificativa. Alguma coisa que seja consistente com o que veio antes. (risos) É por isso que eu acho que os mangakás que sabem improvisar desculpas criam os melhores trabalhos.
Oda: É, você tem que saber integrar tudo.
-Pode ser cedo para perguntar isso, mas você já tem alguma ideia para a sua próxima obra, Kishimoto-sensei?
Kishimoto: Bem, não tenho nada definido, mas queria experimentar trabalhar com ficção científica. Eu gosto de nuvens, então pode ser alguma coisa no céu. Eu fiquei com bastante inveja quando o Oda realizou a saga em Skypiea.
Oda: Você já comentou isso antes.
Kishimoto: Gostei muito de ter lido aquela saga. Queria ter feito uma história como aquela, mas o One Piece fez antes… fazer o quê. (risos)
Oda: Lá vem você de novo, querendo não competir comigo. (risos) Bem, espero pelo menos que você possa ter uma folga.
Kishimoto: Mas o negócio é que, depois que se termina uma série, você já quer começar outra. Não consigo parar de pensar que, enquanto estou relaxando, você ainda está lá, fazendo páginas.
Oda: Bem, fique à vontade para começar uma nova série quando quiser. (risos) Quando amigos autores acabam de terminar um projeto longo, eu costumo dizer a eles para conversarem comigo quando puderem, mas não vou fazer pressão. 15 anos de trabalho em qualquer coisa é bastante tempo. Você devia descansar um pouco.
Kishimoto: Muito obrigado!
O resto desta entrevista estará incluída no novo livro chamado do Naruto “Michi ” (Estrada de Naruto). Os dois falaram por 4 horas, a entrevista completa terá 13 páginas e será publicada em maio.
Agradecimentos: Brazilian Cara
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