Entrevista com Yoshi’ike

Por COMENTÁRIOS

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E mais uma vez, o dublador do Usopp faz uma entrevista especial da série “Invadindo o Estúdio Oizumi” (um dos estúdios da Toei Animation), com o Diretor de Arte Ryuji Yoshi’ike.

Pelo que vi ultimamente, só há 2 diretores de arte em One Piece, e este está desde o início da série.

No decorrer dos anos, Yoshi’ike trabalhou como Diretor de Arte em um número significativo de episódios do One Piece, mas também trabalhou no design artístico de outras séries em anime como Dragon Ball GT “Gulliver Boy” (de 1995), “Sekai Meisaku Douwa: Wow! Maerchen Oukoku”, o clássico dos anos 90 “Super Bikkuriman”, e muitos outros.

Segue abaixo uma compilação das respostas do Yoshi’ike às perguntas do Kappei Yamaguchi (Usopp), tiradas da entrevista original na íntegra. Vamos tratar Yoshi’ike por Y: e Yamaguchi por U: de Usopp:

U: Então vamos direto ao assunto. Você poderia nos explicar qual é exatamente o seu papel na produção do anime do One Piece?

Y: Eu faço desenhos que seguem os modelos originais do mangá. O meu papel é como uma investigação de localidade com base nas direções que o produtor me dá, como “um lugar assustador”, ou “um lugar bem antigo”.
Eu crio imagens chamadas “colorboards”, e as envio para o produtor para saber se devo colocar mais cor, ou deixar mais ou menos escurY:

Veja, por exemplo, esta Punk Hazard com vermelho flamejante; claro, no mangá estava tudo em preto e branco.

Ryûji Yoshi’ike_02

Quanto ao plano de fundo, temos vários profissionais encarregados dos cenários, então eles desenham tudo de uma única vez.
Mas antes de colocar o plano de fundo, precisamos primeiro desenhar as folhas-modelo da visão geral do mundo. Para fazer isso, eu começo lendo o mangá, analiso as cenas (pensando, por exemplo, “Ah, esta cena provavelmente vai ter um clima tenebroso”), e então começo a desenhar um exemplo.

Se você for comparar à produção de um filme, pode-se dizer que tenho a função dupla de um diretor de fotografia e de um designer de produção.

Depois disso, nos juntamos todos, ajustamos alguns detalhes, adicionamos as cores, e profissionais de uma variedade de empresas de produção desenham os cenários.
Do contrário, se todos desenhassem do jeito que quisessem, a coisa toda ficaria fragmentadY: É por isso que passo a eles os exemplos que desenhei.

Basicamente, se esta fosse uma rede de restaurantes, eu seria algo como o gerente da filial principal.
Não há problema se as filiais individuais adicionarem alguns toques próprios, mas elas precisam seguir o exemplo do restaurante principal… ou algo assim.

Quanto às cores dos cenários, diria que metade da aplicação é feita digitalmente, com a outra metade feita manualmente com tinta: Isso depende do profissional, mas às vezes acho melhor trabalhar com recursos digitais na hora de misturar cores.

U: Yoshi’ike-san, tem algum persongem que você gosta e/ou gostou de desenhar? E aquele besouro hércules* que teve uma folha-modelo desenhada por você?

Y: Hmm, não tenho certeza. Mas achei o máximo o Luffy não ter voltado até o amanhecer só para ficar procurando por insetos.

U: Yoshi’ike-san, teve alguma parte da história na qual você mais gostou de trabalhar?

Y: Tendo em conta que participei de todas as partes, é difícil dizer.

Do ponto de vista da produção, gostei muito quando o Chopper apareceu pela primeira vez. Ele vem andando, o cascos fazendo barulho no chão, e o que me veio à cabeça é “Espera, é esse bicho?!”

E quando eu fui ler o capítulo original, fiquei surpreendido.

Eu sempre torço para o anime conseguir passar esse tipo de emoção.

Pois não é só o original, há também aqueles que assistem exclusivamente o anime. E claro, também temos as pessoas que leem e assistem.

Também há histórias, como a do Gaimon, que se desenvolvem mesmo sem ter pé nem cabeçY: Mas como parte da audiência do One Piece vai ficando adulta, é preciso ter certo cuidado. O mangá não é tão complicado, mas é necessário evitar deixar as explicações muito confusas. Acho que o que precisamos criar é algo do qual seja impossível tirar os olhos enquanto se come, para não deixar o croquete esfriar.

U: Yoshi’ike-san, você pode nos contar mais sobre essas molduras das folhas-modelo de arte?

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Y: A verdade é que eu decidi, pessoalmente, desenhar molduras de folhas-modelo de arte para cada temporada, como essas aqui de Punk Hazard.

E então eu brinco um pouco essas molduras. Por exemplo, tento incorporar certos tipos de incidentes que aconteceram (durante aquele arco), adiciono uma explosão aqui, um pouco de luz ali… coisas desse tipo.

Para Punk Hazard, primeiro temos os Chapéus de Palha surpreendidos pelo dragão. Ali atrás temos o Caesar com a sua risada descarada, a sombra do gás ficando maior.

Também temos o Kinemon e as crianças e os Den Den Mushis olhando por cima ao pó, quando o Shinokuni começou a se espalhar.
Em contraste a isso, temos a aparição do Comodoro Yarisugi, e o Luffy e o Law formando a aliança.
Eu me divirto um bocado desenhando todas essas cenas individuais nas molduras (risos).

U: E quanto tempo você leva para desenhá-las?

Y: O desenho em si não leva tanto tempo.

Tudo depende do quanto que me leva para ficar inspirado.

É como quando se cozinha: decidir o que você vai comer leva bastante tempo, mas fazer a comida não dá tanto trabalho.


U: Yoshi’ike-san,é verdade que você desenha imagens de cenários sem parar?

Y: Bem, provavelmente faço cerca de 300 páginas de planos de fundo toda semana.

Até parece que desenhamos um filme de meia hora em uma semana (risos).

Temos quatro, cinco grupos com uma semana de diferença entre o trabalho de grupos individuais. O trabalho de um grupo leva cerca de dois meses, então toda semana temos desenhos de cenários de cada grupo específico.

U: Yoshi’ike-san, você já trabalhou em vários arcos… teve algum em que você pensou “gostei muito disso!”?

Y: Mmm, bem, eu gosto quando há bastante espaço para expansão… vou apenas dizer que achei Skypiea interessante.

A verdade é que eu prefiro quando não temos uma resposta definitiva, o que permite que a audiência pense mais a respeito.

Nesta página, o que eu queria mesmo era desenhar o besouro hércules*. (risos)

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Nota: Normalmente, este ponto é usado para prender as folhas de papel com um clipe, então eu faço desenhos dos clipes para que os outros se perguntem se eles são de verdade ou não. Eu gosto desse tipo de detalhe, então coloquei este besouro* em um lugar que só seria notado por quem estivesse realmente olhando.
*Obs.: Besouros (e a captura dos mesmos) são bastante populares com meninos/homens no Japão. O besouro hércules costumava ser bem famoso, por causa de sua raridade e dificuldade em conseguir pegar um no país. A emoção de meninos japoneses em capturar um besouro hércules é comparável à busca de piratas pelo One Piece.

E aqui termina a entrevista. Comentem, opinem. É um novo ponto de vista para os fãs de One Piece brasileiros não? O que vocês estão achando da OPEX traduzir estas entrevistas exclusivas?

Agradecimentos: Brazillian Cara

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